quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Iniciativas de amor pela cidade

Vontade de ver a cidade melhor e mais bonita para os que nela convivem. Foi com esse intuito que a jornalista e educadora gaúcha Débora Dindonê, que vive há três anos em Salvador, criou o projeto Canteiros Coletivos, uma iniciativa cidadã que já reuniu mais de mil pessoas em mutirões de limpeza, plantio e intervenção artística em alguns bairros de Salvador.

Incomodada com a degradação das vias públicas, Débora convenceu os moradores da região onde morava, a se importarem e entenderem que também é dever do cidadão cuidar da sua cidade, que a responsabilidade é compartilhada. Já que ela nada mais é que a extensão das suas casas e merece o mesmo zelo e conservação.

Então, por meio das redes sociais, a jornalista participou de discussões e encontrou um grupo de pessoas que também se importavam com os problemas da cidade. Foi quando propôs uma intervenção urbana no canteiro da Avenida Reitor Miguel Calmon, mais conhecida como Vale do Canela.

Desde a sua criação, o grupo vem revitalizando 4 regiões na cidade e promove oficinas de manutenção de bicicletas, pintura, plantio e alimentação saudável. Sempre feito de forma coletiva, as ações contam com o apoio de membros do projeto e também de moradores dos locais beneficiados, que são incentivados por Débora, a darem continuidade ao projeto conservando as mudas plantadas.

FORMAÇÃO CIDADÃ

Em cada ação são plantadas mudas diversas, desde ervas e chás a frutíferas, floridas e exóticas, incluindo boldo, capim santo, pitangueiras, cajueiros, mangueiras, e algumas nativas da mata atlântica como pau-brasil. “Além do que plantamos, o mais importante no projeto é em envolver as pessoas na preservação desses lugares.”, esclarece Débora
Ela conta que o maior desafio do projeto é fazer com que as pessoas se compreendam gestoras dos espaços públicos e que passem a ocupá-los continuamente com plantios. “Podem ser atividades que envolvam arte, eventos, entre outras propostas que beneficiem o bairro.”, conta a gaúcha

O projeto, que conta com o apoio do Solar Boa Vista, Governo da Bahia, Curiar, Ciranda e Futuro, é uma forma de provocar uma cidadania mais ativa, fazendo com que todos entendam que são essenciais no cuidado das áreas comuns da cidade.

Qualquer pessoa que tenha vontade de tornar a cidade mais arborizada e colorida pode participar, é só acompanhar ações do projeto no site canteiroscoletivos.com.br e na fanpage dos Canteiros Coletivos. Na agenda é possível acompanhar as atividades de manutenção dos canteiros já recuperados e o calendário de oficinas gratuitas do projeto Formação Cidadã e Portal dos Canteiros Coletivos.

CÉU ABERTO

Outro projeto que visa melhorar a nossa cidade é o Museu de Street Art de Salvador, o MUSAS, que surgiu através do convite de Tico Sant'ana, mestre de capoeira conhecido na comunidade do Solar do Unhão, ao coletivo de gafitte Nova 10ordem. Na época, os integrantes do coletivo aceitaram de cara o desafio, já que eles passaram 3 anos tendo experiências com mutirões de grafite em diversas comunidades de Salvador, e há algum tempo estavam sentindo a necessidade de se firmar para conquistar uma comunidade por inteiro.

“Nesse balanço e no toque do berimbau, o coletivo Nova 10ordem descobriu um lugar mágico, com paredes imensas e cheio de possibilidades de pintura para uma comunidade bastante receptiva”, conta um dos idealizadores do projeto, conhecido por Bigod Silva.

O Musas, como é chamado o movimento, visa reunir pessoas de diversas áreas para interagirem com artes visuais, cinema, grafite, colagem, música, e iniciativas culturais que possam movimentar a comunidade e suas adjacências, despertando o interesse dos moradores, e colaborando para a formação das crianças, com as diversas atividades que são realizadas a céu aberto ou na sede do movimento.

MOBILIZAÇÃO

Bigod conta que o objetivo do projeto, que não possui patrocínios, é transformar os locais em que os mutirões são realizados, em polos criativos, de encontros e novas possibilidades e inspirar o conhecimento de uma geração sobre a sua capacidade de trazer melhorias para uma cidade repleta de necessidades.

Além de contextualizar e atestar o papel do fazer artístico nas paisagens urbanas, tendo como compromisso a crença no poder da arte e da cultura para o desenvolvimento do ser humano, através da soma de ações individuais apoiadas por diferentes núcleos. “Na presença do descaso, e da falta de perspectivas, somos um coletivo que pensa e realiza ações em prol da melhoria do seu ambiente - o micro e o macro”, afirma Bigod.

Os mutirões que são realizados nos bairros de Solar do Unhão, Gamboa de Baixo, Ladeira da Preguiça, Massaranduba, Saramandaia, Cidade de Plástico (Periperi), Uruguai e Ribeira só acontecem por conta da mobilização de grafiteiros, artistas circenses e voluntários ligados a área de saúde como ginecologia, higiene pessoal, odontologia, entre outras.

Por Lorena Souza

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