Por Hugo Araújo
Na último dia 28 de agosto,
Santos e Grêmio disputaram, na Arena do Grêmio, o primeiro confronto entre os
dois times, valido pelas oitavas de final da Copa do Brasil. O Peixe conseguiu
um excelente resultado por 2 a 0 fora de casa, mas o que deixou o jogo marcado
foram as ofensas sofridas por Aranha, goleiro santista. Os insultos racistas partiram
do setor da arquibancada norte da Arena, onde a maior Organizada do Tricolor Gaúcho, a Geral
do Grêmio, se localiza dentro do estádio. As imagens captaram claramente o rosto
dos agressores. Alguns sócios do clube e outros acusados como integrantes da
torcida, que agora respondem processo.
O jogo seguinte, domingo
(31), contra o Bahia, novas músicas da Geral foram entoadas. Como diversas
outras canções da torcida, é possível encontrar o termo "macaco".
Essas músicas, que já existem há mais de 20 anos são uma provocação à torcida do Internacional,
principal rival do Tricolor Gaúcho, e que, segundo a Geral, não possuem cunho racista.
A Geral do Grêmio possui
poder político dentro do clube tricolor, com mais de 15 membros fazendo parte
de seu Conselho Deliberativo.
O presidente do Grêmio,
Fábio Koff, que tem opositores políticos dentro da Geral do Grêmio, suspendeu
"por tempo indeterminado qualquer atividade da torcida organizada
denominada Geral do Grêmio", além disso, a uniformizada está proibida de
usar o distintivo do time, e seus membros podem ser desfilados caso sejam
sócios tricolores. De acordo com a nota oficial do clube, a decisão foi
motivada pelos "fatos ocorridos no jogo entre Grêmio e Bahia", no
último domingo.
Na última terça-feira (2),
em uma entrevista ao repórter Felipe Daroit da Radio Gaúcha, do Rio Grande do
Sul, a torcida Geral do Grêmio manifestou-se oficialmente sobre os últimos acontecimentos.
Sobre a "gota
d'água", que teria motivado a punição do presidente Fábio Koff à torcida,
a uniformizada questiona a generalização da direção do clube. "Depois do
jogo de quinta, após toda a polêmica, havíamos suspendido ainda o termo
“macaco” nas nossas músicas. Mas, sem banda é impossível qualquer torcida do
mundo coordenar cantos. Infelizmente um torcedor puxou a música no jogo contra
o Bahia. Não foi da organizada. Foi cantada durante dois ou três minutos. Se
fosse algo organizado, como algumas pessoas estão falando, com intenções
políticas, a torcida teria se organizado para cantar, prejudicar o clube do
primeiro ao último minuto".
Ainda respondendo sobre a punição
ter alguma ligação política, a Geral explica que isso pode ser mais comum do
que se imagina. “A gente quer uma explicação do Grêmio de porque suspender a
Geral. Isso não é solução para o tema do racismo. Proibir bumbo, bandeira,
faixa, não vai fazer o sujeito deixar de ser racista. O mal intencionado não
vai ir lá e virar bonzinho. Não consultaram a Geral. Não sei se consultaram a
Brigada Militar ou o Ministério Público. Mas, a decisão foi errada. Nós vamos
lutar pelos nossos direitos de ir e torcer pelo nosso clube”.
A Organizada ainda garante
que as pessoas envolvidas nos atos de racismo no jogo contra o Santos não eram
da filiados a Geral. "Essa menina flagrada eu nunca vi na vida. E é
difícil comentar em cima de algo que eu não estava perto. As imagens são claras
da menina gritando macaco e de alguns torcedores imitando macaco, mas nós não
temos gestão nenhuma de coordenar cinco ou seis mil pessoas sem os
instrumentos. Isso quem frequenta a torcida sabe. As musicas podem partir de
qualquer local, se não tem banda organizada".
Torcida se pronuncia contra a generalização no último jogo contra o Bahia
O fato de não ter banda, que
os membros da Geral se queixam por não ter como coordenar e organizar os gritos
durante os jogos, diz respeito a punção aplicada pela Brigada Milita à Geral
onde se proibiu a liberação de materiais ligados a torcida, como bumbos, faixas
e bandeiras que foi suspensa por cinco jogos pela Brigada Militar. Ou seja, a
banda da Geral não estaria presente em cinco partidas.
Por último, a Geral espera
que o local destinado à torcida no setor norte não seja trocado por cadeiras. “O
setor não foi criado para a Geral. Foi criado para as pessoas que gostam de ver
os jogos em pé e pagando mais barato. É uma luta nossa. A torcida surgiu assim.
Você tratar de um problema, simplesmente, colocando cadeiras, também é uma
forma de discriminação”.
Geral do Grêmio é responsável por festa nos jogos do clube
Mas afinal, chamar um
torcedor do Internacional de “macaco” deve ser considerado racismo? Fora do
contexto, sim. Mas historicamente é um termo já foi debatido diversas vezes e o
blogueiro gaúcho Tiefschwartz, em seu blog, “TIEFSCHWARZ – SEGREDOS”, tenta explica esse assunto polêmico.
“Ninguém sabe ao certo
quando surgiu e quando se consolidou tal alcunha, mas tenha a intuição de que
ela está atrelada à supremacia Colorada no futebol gaúcho com o início do
profissionalismo "à vera". Imagino que o apelido tenha vindo
juntamente com o histórico "Rolo Compressor", os títulos do
Internacional e o epíteto "Clube do Povo". Tudo isso ocorreu ao mesmo
tempo em que o futebol se consolidou como o "passatempo das massas"
no país; e o Rio Grande não foi exceção. O Inter era o melhor time e contava,
em seus quadros, com jogadores "mulatos" e "negros" (o
Grêmio, mesmo, não chegava a ser totalmente de "brancos", pois
aceitava "bugres" e "índios", como Lara).
Ora, como a
camada mais pobre do povo sempre foi formada, em sua maioria, por descendentes
de escravos, a identificação entre ela e o clube foi imediata; e o apelo
emocional do "nós podemos vencer" foi tão forte quanto evidente.”
Hoje, um gremista
considerado "negro" por algum critério pseudo-científico-cultural
qualquer estabelecido pelo nosso "Ministério da Igualdade Racial" não
é "macaco"; em compensação, um colorado albino o é. O que diferencia
não é a cor da pele, mas da camisa! Futebolisticamente falando, na relação
entre Grêmio e Internacional, "macacos" são vermelhos. Prova disso? Os
próprios colorados gritam: "Ah! Eu sou macaco!". A Camisa 12,
organizada do clube, tem um bandeirão com um gorila colorado. Há uma outra
organizada chamada MA.CA.CO. E os gremistas são racistas, quando os chamam de
"macacos"?! Há um hialino exagero histérico nisso. “Não há racismo no
“macaco”“, afirma Tiefschwartz.
Macaco "Escurinho" é um dos mascotes do Internacional
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