quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Geral do Grêmio se pronuncia sobre punições da Direção do clube em casos de racismo

Por Hugo Araújo 

Na último dia 28 de agosto, Santos e Grêmio disputaram, na Arena do Grêmio, o primeiro confronto entre os dois times, valido pelas oitavas de final da Copa do Brasil. O Peixe conseguiu um excelente resultado por 2 a 0 fora de casa, mas o que deixou o jogo marcado foram as ofensas sofridas por Aranha, goleiro santista. Os insultos racistas partiram do setor da arquibancada norte da Arena, onde a maior Organizada do Tricolor Gaúcho, a Geral do Grêmio, se localiza dentro do estádio. As imagens captaram claramente o rosto dos agressores. Alguns sócios do clube e outros acusados como integrantes da torcida, que  agora respondem processo. 

O jogo seguinte, domingo (31), contra o Bahia, novas músicas da Geral foram entoadas. Como diversas outras canções da torcida, é possível encontrar o termo "macaco". Essas músicas, que já existem há mais de 20 anos são uma provocação à torcida do Internacional, principal rival do Tricolor Gaúcho, e que, segundo a Geral, não  possuem cunho racista. 

A Geral do Grêmio possui poder político dentro do clube tricolor, com mais de 15 membros fazendo parte de seu Conselho Deliberativo.

O presidente do Grêmio, Fábio Koff, que tem opositores políticos dentro da Geral do Grêmio, suspendeu "por tempo indeterminado qualquer atividade da torcida organizada denominada Geral do Grêmio", além disso, a uniformizada está proibida de usar o distintivo do time, e seus membros podem ser desfilados caso sejam sócios tricolores. De acordo com a nota oficial do clube, a decisão foi motivada pelos "fatos ocorridos no jogo entre Grêmio e Bahia", no último domingo.

Na última terça-feira (2), em uma entrevista ao repórter Felipe Daroit da Radio Gaúcha, do Rio Grande do Sul, a torcida Geral do Grêmio manifestou-se oficialmente sobre os últimos acontecimentos.

Sobre a "gota d'água", que teria motivado a punição do presidente Fábio Koff à torcida, a uniformizada questiona a generalização da direção do clube. "Depois do jogo de quinta, após toda a polêmica, havíamos suspendido ainda o termo “macaco” nas nossas músicas. Mas, sem banda é impossível qualquer torcida do mundo coordenar cantos. Infelizmente um torcedor puxou a música no jogo contra o Bahia. Não foi da organizada. Foi cantada durante dois ou três minutos. Se fosse algo organizado, como algumas pessoas estão falando, com intenções políticas, a torcida teria se organizado para cantar, prejudicar o clube do primeiro ao último minuto".

Ainda respondendo sobre a punição ter alguma ligação política, a Geral explica que isso pode ser mais comum do que se imagina. “A gente quer uma explicação do Grêmio de porque suspender a Geral. Isso não é solução para o tema do racismo. Proibir bumbo, bandeira, faixa, não vai fazer o sujeito deixar de ser racista. O mal intencionado não vai ir lá e virar bonzinho. Não consultaram a Geral. Não sei se consultaram a Brigada Militar ou o Ministério Público. Mas, a decisão foi errada. Nós vamos lutar pelos nossos direitos de ir e torcer pelo nosso clube”.

A Organizada ainda garante que as pessoas envolvidas nos atos de racismo no jogo contra o Santos não eram da filiados a Geral. "Essa menina flagrada eu nunca vi na vida. E é difícil comentar em cima de algo que eu não estava perto. As imagens são claras da menina gritando macaco e de alguns torcedores imitando macaco, mas nós não temos gestão nenhuma de coordenar cinco ou seis mil pessoas sem os instrumentos. Isso quem frequenta a torcida sabe. As musicas podem partir de qualquer local, se não tem banda organizada".

Torcida se pronuncia contra a generalização no último jogo contra o Bahia 

O fato de não ter banda, que os membros da Geral se queixam por não ter como coordenar e organizar os gritos durante os jogos, diz respeito a punção aplicada pela Brigada Milita à Geral onde se proibiu a liberação de materiais ligados a torcida, como bumbos, faixas e bandeiras que foi suspensa por cinco jogos pela Brigada Militar. Ou seja, a banda da Geral não estaria presente em cinco partidas.

Por último, a Geral espera que o local destinado à torcida no setor norte não seja trocado por cadeiras. “O setor não foi criado para a Geral. Foi criado para as pessoas que gostam de ver os jogos em pé e pagando mais barato. É uma luta nossa. A torcida surgiu assim. Você tratar de um problema, simplesmente, colocando cadeiras, também é uma forma de discriminação”. 

Geral do Grêmio é responsável por festa nos jogos do clube

Mas afinal, chamar um torcedor do Internacional de “macaco” deve ser considerado racismo? Fora do contexto, sim. Mas historicamente é um termo já foi debatido diversas vezes e o blogueiro gaúcho Tiefschwartz, em seu blog, “TIEFSCHWARZ – SEGREDOS”, tenta explica esse assunto polêmico.

“Ninguém sabe ao certo quando surgiu e quando se consolidou tal alcunha, mas tenha a intuição de que ela está atrelada à supremacia Colorada no futebol gaúcho com o início do profissionalismo "à vera". Imagino que o apelido tenha vindo juntamente com o histórico "Rolo Compressor", os títulos do Internacional e o epíteto "Clube do Povo". Tudo isso ocorreu ao mesmo tempo em que o futebol se consolidou como o "passatempo das massas" no país; e o Rio Grande não foi exceção. O Inter era o melhor time e contava, em seus quadros, com jogadores "mulatos" e "negros" (o Grêmio, mesmo, não chegava a ser totalmente de "brancos", pois aceitava "bugres" e "índios", como Lara). 

Ora, como a camada mais pobre do povo sempre foi formada, em sua maioria, por descendentes de escravos, a identificação entre ela e o clube foi imediata; e o apelo emocional do "nós podemos vencer" foi tão forte quanto evidente.”

Hoje, um gremista considerado "negro" por algum critério pseudo-científico-cultural qualquer estabelecido pelo nosso "Ministério da Igualdade Racial" não é "macaco"; em compensação, um colorado albino o é. O que diferencia não é a cor da pele, mas da camisa! Futebolisticamente falando, na relação entre Grêmio e Internacional, "macacos" são vermelhos. Prova disso? Os próprios colorados gritam: "Ah! Eu sou macaco!". A Camisa 12, organizada do clube, tem um bandeirão com um gorila colorado. Há uma outra organizada chamada MA.CA.CO. E os gremistas são racistas, quando os chamam de "macacos"?! Há um hialino exagero histérico nisso. “Não há racismo no “macaco”“, afirma  Tiefschwartz.


Macaco "Escurinho" é um dos mascotes do Internacional 

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