Por Laís Carneiro de Oliveira
No clima da Copa do Mundo de 2014, que acontece no Brasil, de 12 de junho a 13 de julho, o campeonato já obteve um novo recorde no que diz respeito aos candidatos cadastrados para realizar o trabalho voluntário, com um número total de 152.561 inscritos, equivalente ao período de 2012 e 2013.
No país, os cinco estados com maior número de inscritos (nos dois períodos de inscrições) foram São Paulo em primeiro lugar, com a marca de 35.738, seguido do Rio de Janeiro (21.785), Minas Gerais (14.492), Distrito Federal (9.706) e Bahia (8.741). Entre os estados que não são sede do campeonato, Goiás ficou em primeiro, com 2.139 candidatos.
Os apaixonados pelo futebol encontraram, talvez, no trabalho voluntário uma alternativa mais “econômica” para poder ver de perto, e ainda sem precisar pagar nada por isso, as partidas do mundial. Os voluntários não recebem nada em troca do serviço, apenas uma ajuda de custo que conta com vale-alimentação, vale-transporte e o uniforme.
Os trabalhos oferecidos vão desde acompanhamento de jogadores a carregador de objetos e equipamentos esportivos, a carga horária exigida chega, em algumas funções, a dez horas diárias. Esse tipo de voluntariado, e principalmente a quem será oferecido (Fifa - entidade máxima do futebol mundial), tem gerado grande polêmica e opiniões contrárias entre a população.
“A questão é ser voluntário em um evento que gera mais de 900 parcerias comerciais, entre ações de marketing, propaganda, cotas de patrocínio e vendas de pacotes turísticos com lucro estimado de 8 bilhões de reais. Além da isenção de impostos, já anunciada, que gira em torno de um bilhão de reais pelo governo. Então creio que seja uma espécie de exploração uma lucratividade exorbitante, isenção de impostos, jornadas de até dez horas de trabalho não serem remuneradas”, esclarece Leonardo Cordeiro (26), Administrador.
Opinião que diverge a da aposentada Edilza Almeida (53), ao garantir que esse trabalho servirá como uma grande experiência para os que possuem mais de 18 anos e trará vantagens, como a experiência de trabalhar em um evento de uma instituição internacional e o ateste de fluência em pelo menos um idioma estrangeiro, além do conhecimento pessoal e profissional que serão adquiridos.
Em busca de novos aprendizados, os dados divulgados pela Fifa, comprovam que o trabalho voluntário na Copa de 2014 foi mais aderido pelos jovens de faixa etária de 18 aos 25 anos, com as mulheres superando os homens (38.876 a 33.366). O número de candidatos no grupo entre 26 e 40 anos foi de 56.307; e no de 41 a 60 anos, de 20.802. Já os candidatos acima de 60 anos chegaram a 2.750, além dos estrangeiros inscritos, que somados registram o total dos inscritos.
Ao fazer uma breve comparação com a Copa de 2010, sediada na África do Sul, essa marca representa mais do que o dobro de voluntários cadastrados naquela época, equivalente ao total de 70 mil candidatos. E mais do que o triplo da Copa de 2006, ocorrida na Alemanha, com um total de 45 mil candidatos.
“O alto número de voluntários, dentro e fora das cidades-sede, demonstra o desejo de todo o Brasil de dar a sua contribuição e fazer parte desse momento histórico para o nosso país. Afinal, essa será uma oportunidade de nível único trabalhar no maior evento esportivo do mundo. Além de engrandecer o currículo, é uma oportunidade de fazer novos contatos profissionais, que futuramente podem gerar bons frutos”, afirma o jornalista Luis Victa Filho (25).
Entretanto, o tema ‘Copa do Mundo’ tem sofrido severas críticas da população, não só no que se refere ao trabalho voluntário, mas também a falta de acesso para todos.
“Os jogos não são democráticos, os ingressos são caros e não irão propiciar o acesso de toda população. Além das exigências absurdas, principalmente na Bahia, quanto ao ‘ganha pão’ da população carente, vendedores ambulantes e baianas de acarajé que serão afastados a quilômetros do estádio. É ou ao menos deveria ser um momento de qualificar a mão-de-obra e empregos temporários para a população e não o contrário”, reivindica Emellin Britto (25), pedagoga.
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