Adriano Lima
24 de fevereiro de 2014
Tema: O Dino punk
Fontes: Rodson do Vale, Site Anarquismo na Bahia e
Anarquia Punk
Professor: Paulo Roberto Leandro
O
DINO PUNK
O movimento punk foi uma filosofia de protesto que
visava a contestação contra o sistema, fugindo dos padrões que a sociedade
impõe. Com roupas velhas e surradas, o cabelo com corte exótico, jaquetas arrebitadas
com frases de indignação, esse movimento não fica calado, acomodado, como a
maioria dos jovens e o povo em geral. Fizeram manifestações, panfletagens,
boicotes, passeatas, mostrando sua cultura e seu repúdio a todas as formas de fascismo,
nazismo e racismo, autoritarismo, sexismo e comando, vendo como solução a
anarquia para a libertação dos povos, raças, homens e mulheres. Na década de
80, o movimento surge no Brasil e começa a ganhar força em Salvador entre 1982
e 1984.
Um dos personagens que sobreviveram a essa grande
manifestação é o projetista de 40 anos Rodson do Vale, que participava da
ideologia anarcopunk.
Adriano - O que o “ser punk” influenciou na sua
vida?
Rodson - Tudo, resolvi virar punk porque procurava
uma forma de protestar contra as irregularidades do sistema.
Adriano - Quando começou a frequentar o movimento?
Rodson - Comecei em 1986, primeiro assistia aos
shows de algumas bandas locais e depois comecei a buscar conhecimento sobre o
movimento.
Adriano – Quais bandas você acompanhou?
Rodson – Lembro-me das bandas Dever de Classe e Voz
subterrânea, mais tarde o Camisa de Vênus, que apesar de não ter um estilo
propriamente punk, comportava-se como tal. Na verdade, eu comecei ouvindo as
bandas estrageiras, o The Who começou com toda a atitude que originou o
contexto da ideologia, as bandas britânicas como o Sex Pistols e o The Clash,
sem esquecer de algumas do cenário americano, Ramones, Siucidal Tendences etc.
Mas eu sempre curti o gênero do metal, de bandas conhecidas até as mais
obscuras.
Adriano – Qual a relação do punk com o anarquismo?
Rodson – Na verdade essa relação caracteriza uma das
subdivisões, o anarcopunk. Essa vertente caracterizava-se por uma política
justa, queríamos que as coisas funcionassem direito e protestávamos contra
todas as sujeiras do sistema. Por outro lado, existiam os punks niilistas, que
queriam apenas sair quebrando tudo por aí (risos).
Adriano – Então você fazia parte do anarcopunk?
Rodson – Sim.
Adriano – Existam as brigas entre punks e skinheads.
Qual o motivo principal entre elas?
Rodson – As ideologias distintas. Na verdade,
existiam dois grupos, os skinheads que defendiam o fascismo e os "carecas" que
eram nacionalistas. As brigas aconteciam por conta da incompatibilidade
ideológica e acabou evoluindo pra uma “rixa” natural com o passar do tempo.
Adriano – Como isso tudo se desenvolveu em Salvador?
Rodson – O movimento punk de São Paulo foi a grande
influência, aqui na Bahia começou um pouco mais tarde. Os grupos eram
formados e os encontros aconteciam, tínhamos reuniões, na sua maioria em shows
e protestos. A brigas aconteciam com muita frequência também.
Adriano – Em que local da cidade isso acontecia?
Rodson – Brigávamos muito no centro da cidade, geralmente em praças ou becos, quando as ruas estavam
vazias. Às vezes, acontecia na frente da antiga prefeitura, no fim acabava
sendo um grande protesto.
Adriano – A que ponto chegava a violência nas
brigas?
Rodson – Extrema. Usávamos correntes e algumas bombas de prego, que eram feitas pra ferir mesmo. Muitos dos meus
amigos da época morreram ou ficaram com sequelas.
Adriano – Pode-se dizer que o movimento punk foi
extinto de Salvador?
Rodson – Sim, hoje estamos todos enquadrados no
sistema (risos), mas ainda há uma pequena faísca em outros estados,
principalmente em São Paulo. Ainda acontecem brigas entre punks e skinheads e
as reuniões prevalecem.
Adriano – Você abandonou o movimento punk? Quando
resolveu fazer isso?
Rodson – Sim, abandonei a partir do momento que
percebi uma certa futilidade, os caras só queriam saber de brigar e deixavam as
ideologias de lado. Sem falar que o rock entrou em extinção, consequentemente
as bandas sumiram. No final, estamos todos enquadrados no sistema, Salvador
virou terra do axé e muitos dos meus companheiros punks de outrora frequentam carnaval
hoje. Eu continuo com as mesmas ideologias, pretendo fazer faculdade de
teologia e tenho a música como a grande arte.
Adriano – Ainda escuta rock?
Rodson- Sim, principalmente o metal.
Adriano – Como você vê o movimento punk hoje?
Rodson – Mais uma tentativa bacana, porém fracassada
de rebater a sociedade alienada. Não tem jeito, o ser humano é fraco em sua
essência, no final todos somos egoístas.
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