Por Hugo Leite
O relacionamento interpessoal ganhou novos contornos a partir das ferramentas de interação que a internet nos apresenta. Se antes os fatos podiam repercutir pela vizinhança, ou até mesmo aos ouvidos de todos no bairro, agora as redes sociais fazem nascer polêmicas em poucos segundos, com abrangência até mundial.
O relacionamento interpessoal ganhou novos contornos a partir das ferramentas de interação que a internet nos apresenta. Se antes os fatos podiam repercutir pela vizinhança, ou até mesmo aos ouvidos de todos no bairro, agora as redes sociais fazem nascer polêmicas em poucos segundos, com abrangência até mundial.
O fascínio que as redes sociais desperta é proporcional à
desinformação dos usuários, que no afã de publicar e compartilhar informações,
ferem o direito do próximo, muito em função do desconhecimento dos termos de
uso de cada rede.
Segundo a coordenadora do curso de Direito da FTC Feira,
Geruza Gomes, não há um controle legal para punir os usuários infratores.
“As pessoas agem nas redes sociais acreditando que não serão
identificadas e também contam com uma legislação cibernética incipiente”, diz.
Porém, com os diversos casos relacionados a crimes digitais,
o Congresso Nacional aprovou no fim de 2012, a inédita lei 12.737/2012, que faz
referência a crimes virtuais. Em vigor desde 03 de abril de 2013 e conhecida
como lei “Carolina Dieckmann” – A lei não possui relação direta com o caso, mas
o avanço das discussões do projeto coincidiram com o vazamento de fotos íntimas
da atriz na internet – a legislação tipifica como crime pontos importantes da
segurança digital, como a invasão de computadores ou dispositivos móveis de
terceiros, conectados ou não à Internet, para envio de vírus e acesso a dados
sem autorização.
Como terreno informal, as pessoas também costumam propalar
fatos inverídicos e disseminar o disse me disse, numa onda de profusão de
informações sem fontes confiáveis e nem apuração do ocorrido. Assim, acabam
espalhando o medo, como no caso da célebre invasão marciana divulgada por Orson
Welles, em uma rádio americana, no começo do século passado.
Perseguições na rede
Capaz de mobilizar milhares de pessoas em torno de uma causa
digna, como nas manifestações de junho do ano passado no Brasil, as redes
sociais também têm mostrado o poder de gerar perseguições racistas e
discriminatórias, chegando a formar grupos com esse tipo de perfil.
Pensamentos xenófobos, homofóbicos e de intolerância
religiosa ganham espaço nas redes sociais, onde muitas vezes não há um filtro
capaz de restringir esse tipo de ideologia.
“A falta de cultura que toma conta da sociedade dá vazão a
essa onda de ideias e correntes discriminatórias, que se espalham pelo ambiente
virtual. Essas novas ferramentas virtuais são apenas facilitadoras do que
sempre existiu,” argumenta a coordenadora.
Além da veiculação de preconceitos, a dignidade dos usuários
tem sido atingida por meio da circulação de imagens e vídeos íntimos, que em
alguns casos, chegam a causar suicídio entre os jovens expostos a esse tipo de
repercussão na rede.
A coordenadora do Serviço de Psicologia e Clínica Escola da
FTC Salvador, Laiz Cardozo, fala sobre os danos emocionais que podem ser
causados pela exposição excessiva nas redes sociais.
“Estamos numa sociedade intimamente ligada à exibição e a
rede social é um instrumento forte no processo da coisa privada se tornar
pública. Nesse cenário, as pessoas perdem o limite entre os dois campos e
acabam comprometendo suas vidas sociais por compartilhamentos de documentos
pessoais”.
Ela também comenta as possíveis implicações emocionais. “As
consequências variam de pessoa para pessoa, mas os sintomas mais comuns de uma
repercussão de imagens ou vídeos indesejados são crises de ansiedade e até um
quadro de depressão,” explica Laiz.
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