A incompetência dos
Ministros da Fazenda do Brasil só não se faz pior porque um deles honrou o
cargo e conteve a inflação. Pelo menos é o que mostram os números antes e
depois do Plano Real. Em uma perspectiva histórica, o Brasil sofreu desastrosos
planos econômicos que abalaram a vida dos brasileiros.
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Maílson da Nóbrega. Ministro da Fazenda do governo Sarney que criou o Plano Verão em 1989 e fez a inflação subir a quase 2.000%. |
Em 1986, o governo do
então presidente José Sarney, tenta, sem sucesso, controlar a inflação com o
Plano Cruzado, que substituiu a então moeda vigente, o cruzeiro, pelo cruzado.
Não deu certo. Salários foram congelados e a inflação chegou a cerca de 80%
pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ainda no governo Sarney, mais
dois planos sairiam do papel: em 1987, o chamado Plano Bresser e em 1989, o
Plano Verão, que fez a inflação passar dos 1.982%. Além da economia flagelada e
planos desastrosos, o governo perseguia comerciantes e criava uma espécie de
tabela nos mercados pelo país, ou seja, o governo determinava o preço dos
produtos, que mudavam de hora em hora. O comerciante Joaci Sampaio recorda a
época e afirma: “Era tudo tabelado, se nós vendêssemos mais barato ou mais
caro, podíamos ser até presos e, como se não bastasse, a falta de alimentos era
eminente, faltou até sal”, conclui o experiente comerciante. Em 1993, já no
governo do presidente Itamar Franco, portanto 3 anos depois de estabanados
planos econômicos, o então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, começa
a implantação do Plano Real, que seria o alívio para as inflações quase extra-planetárias.
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Fernando Henrique Cardoso. Ministro da Fazenda que criou o Plano Real no governo de Itamar Franco, em 1993 |
Depois de 21 anos do
Plano Real e inflação sob controle, surge agora à especulação de uma alta de
preços que pode não ser dominada pelo governo da presidente Dilma. Na semana
passada, economistas já alertavam que, pela primeira vez, o Brasil pode fechar
o ano com a inflação acima do teto estipulado pelo Banco Central, que é de
6,5%. Para o diretor de política econômica do banco, Carlos Araújo, a inflação
está incomodando e afirma: “a inflação,
evidentemente, não está confortável, tanto que o Banco Central está subindo a
taxa de juros”. Os consumidores também já sentem no bolso a alta dos
produtos básicos da cesta básica, é o caso da vendedora Mariana Paim que se diz
assustada com o preço das verduras e brinca: “A batatinha está tão cara que se
continuar assim, precisaremos vender um carro para comprar um quilo”, afirmou quando
questionada sobre a alta de preços.
O
Ministro da Fazenda, Guido Mantega, em suas entrevistas procura sempre deixar
uma palavra otimista dizendo que a inflação está sob controle. Historicamente o
Brasil não tem bons ministros da fazenda, porém Guido se mantém firme e forte
apesar da crise que paira sobre o país. Para o jornalista e comentarista
político, Levi Vasconcelos, o ministro só deixaria a pasta se acontecesse algum
escândalo envolvendo seu nome, salvo isso, “...se tirar Mantega, tem que tirar
também Dilma...”, conclui.
As
cenas dos próximos capítulos da economia brasileira são um ponto de interrogação,
mas os anteriores não são otimistas, salvo o Plano Real que livra o Brasil de
ser conhecido pelos ministros da fazenda amadores.
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Guido Mantega. Atual Ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff |
POR: Jean Cardoso Mendes
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