Texto - Jéssica Dieder Corrêa
15.002. Esse é o numero preciso de voluntários da Fifa na Copa do Mundo no Brasil em 2014. Foram mais de 100 mil inscritos pelo site oficial, em escala global para o programa. Pra quem foi aprovado, o motivo é de festa. No entanto, nem todos sequer curtem a ideia de participar de um concurso desse tipo.
Para que as pessoas pudessem disputar as vagas, foram necessários os seguintes pré-requisitos: ter mais de 18 anos, ter tempo para trabalhar pelo menos sete dias, seguidos ou intercalados, em turnos de 4 horas, conhecer bem a cidade e ter o mínimo de conhecimento em alguma língua estrangeira.
As inscrições já foram encerradas, e foi difícil o processo de recrutamento. Um treinamento presencial, durante quatro fins de semana, que abordou temas como hospitalidade, história do futebol, segurança, primeiros socorros, idiomas e trabalho em equipe.
Todos os voluntários receberam uniforme com casaco, camisa, calça, boné e sacola, bilhete único, ticket-refeição, seguro de acidentes pessoais e kit-alimentação.
Para Rodrigo Moitinho, 20 anos, estudante de direito, uma das razões que levaram a ser voluntário foi a paixão pelo esporte e o orgulho da Copa acontecer em seu país. "Acredito que nenhum casaco ou sacola chegue perto do maior presente de todos, ser voluntariado na Copa no Brasil".
Segundo o universitário, esse presente, os voluntários brasileiros vão poder levar para o resto de suas vidas compartilhando historias e emoções únicas com seus filhos e netos.
"Uma das razões que me motivaram a ser um voluntário foi pela oportunidade de estar participando de um grande evento mundial do futebol." afirma Rodrigo Moitinho.
É nessa onda que o trabalho voluntário se baseou desde a criação até a pratica ser colocada em um evento esportivo de grande porte, a exemplo da Copa do Mundo.
O trabalho do voluntário, de um modo geral, dentro do evento tem o objetivo de ajudar os espectadores (no caso os torcedores), em algo que eles necessitem como, por exemplo, ajudar a orientar dentro do estádio, onde ficará localizado, o lugar o qual ele tem o direito de assistir ao jogo, como funcionará o sistema de transporte, além de poder colaborar com os profissionais de comunicação, rádio e tv.
"Experiências eu tenho de sobra e acumuladas nos eventos da Copa das Confederações e do Sorteio Final pra Copa do Mundo. Na Copa das Confederações, eu pude conhecer voluntários da Colômbia, Argentina, Paraguai, Peru, México, Costa Rica, Guatemala, Gana, Nigéria, Estados Unidos, Lituânia, França, Espanha", afirma Rodrigo.
Ele também relata a experiência que teve durante os eventos que antecedem a Copa.
"Já no Sorteio pra Copa do Mundo que foi em Sauípe, minha função foi exercida aqui em Salvador, e nela pude ter contato com algumas autoridades que participaram do evento, pelo fato de seus países terem sido classificados para a Copa do Mundo. Pude ter contato com alguns embaixadores, cônsules e ministro daqui do Brasil.
Moitinho afirma que as experiências proporcionadas com o programa de voluntariado enriquece e abrange seus conhecimentos no intercambio com outros voluntários.
Já para Mario Andrade, 25 anos, estudante de administração, não suporta a ideia de ser voluntário, sua opinião sobre a realização da Copa do Mundo no Brasil é bastante ofensiva a Fifa. Mario acredita que a quantidade de dinheiro investido nesta Copa poderia pagar tranquilamente todos os voluntários do programa.
'' A quantidade de dinheiro investido no Brasil, na copa, tudo dentro dos padrões Fifa, poderia tranquilamente pagar os volutuários do programa, sem ter grandes prejuízos, pois o trabalho que realizamos, as horas estressantes e a dedicação mereciam mais do que meros cascos. É um absurdo não sermos pagos'' afirma Andrade.
Mario afirma que participa do programa pela experiência que vai enriquecer seu curriculum e pelo fato de poder conhecer pessoas importantes.'' Falando de forma global, conhecer pessoas influentes no mundo e em nossa sociedade acaba abrindo muitas portas em termos profissionais''
Cristina Andrade, 52 anos, dona de casa e mãe de Mario Andrade concorda com o filho, diz que em primeiro lugar a realização da Copa no Brasil só irá trazer prejuízos ao pais a longo prazo e acredita que o incentivo a população ser voluntaria na Copa em seu próprio pais é fantástico. Porem acha que todos deveriam receber pelos serviços prestados.
'' É um grande erro a copa ser realizada aqui, mas acredito que o programa que tem como objetivo incentivar a população a se manter unida e ajudar pessoas dentro e fora dos estádios é fantástico. Mas o nome não deveria ser voluntario pois todos eles deveriam ganhar uma contribuição generosa'' afirma Cristina
Jessica Santos, 20 anos, estudante de enfermagem e namorada de Rodrigo Moitinho acredita que ser voluntario em um programa desses é uma virtude divina.
''Não existe nada mais generoso que um trabalho voluntario, a pessoa fazer o trabalho por boa vontade sem pedir nada em troca é divino. Rodrigo será recompensado com as experiências que irá enriquecerá sua alma'' afirma Santos
Rodrigo Moitinho não nega os problemas do Brasil mas também não coloca a culpa dos problemas antigos e atuais na Copa de 2014.
"O fato de a Copa do Mundo estar sendo realizada aqui no Brasil tem seus prós e contras. Por um lado uma série de conjuntos da área econômica estará sendo beneficiada e estimulada com avinda dos turistas aqui pro Brasil, e que poderá ajudar de alguma maneira na economia do país. Por outro lado eu vejo uma série de pessoas criticando coisas já existentes e enraizadas no país, que acrescentada a uma corrupção já de longa data "
"É necessário discutir o Brasil de forma socrática, sem pudores e despido de qualquer preconceito, se não for assim, não é discutir, é apenas colocar o vinil e deixá-lo tocar até arranhar na vitrola...",conclui Moitinho. É com o trabalho voluntário de Rodrigo, Mario e tantos outros brasileiros que depois de 60 anos, o país do Futebol espera realizar a melhor Copa do Mundo da história.
0 comentários:
Postar um comentário