Há
poucos meses de uma copa do mundo, os apaixonados por futebol já estão na
torcida pelas equipes de seus países. O Brasil, país-sede da copa e única
seleção pentacampeã do mundo, as cidades já estão se aprontando para uma nova
copa. Porém, o patriotismo perante a seleção brasileira sempre teve suas
conturbações e, já na década de 50, a seleção andava com descrédito perante os
brasileiros. Hoje, 64 anos depois, gerações chegaram e saíram fazendo história
e a equipe do Brasil se tornou respeitada nos gramados durante um bom tempo.
Mas, os brasileiros agora estão tornando a se voltar contra tudo e contra
todos. A expectativa de uma copa em casa se transformou em protestos contra gastos
em estádios e mobilidade urbana em um país carente de serviços básicos como
saúde e educação. Será que o país novamente se revolta contra a seleção?
Brasil,
1950, o país perdia em pleno Maracanã lotado a chance de ter seu primeiro
título mundial e, em 1954, mais um vexame, o Brasil perdera para Hungria nas semifinais. O cronista esportivo
e autor à época, Nelson Rodrigues, chegou a dissertar sobre a inferioridade que
o brasileiro se colocava voluntariamente diante do resto do mundo, pelo menos
no universo do futebol. O “Complexo de Vira-Latas” , ao contrário do que muitos
pensam, não buscava mostrar ao mundo que os brasileiros eram incapazes, muito
pelo contrário, o autor procurava dar um ânimo aos seus compatriotas para a copa
que aconteceria na Suécia em 1958.
Com
motivação ou não, a figura do capitão Bellini levantando a primeira taça do
mundo em 58 ficou marcada na história do país. Aquele não seria apenas o
primeiro dos cinco títulos mundiais do Brasil, mas seria um novo ânimo aos brasileiros
em relação ao futebol. Nas ruas, becos e botecos do país, os até então
desacreditados, viraram patriotas e enchiam o peito com orgulho gritando: “É
campeão”. A motivação era notável no semblante das pessoas. O aposentado Manoel Angel se emociona ao falar da copa de 58 e diz: " Foi a primeira copa que eu ouvi, ainda pelo rádio, foi muita emoção no país, ninguém acreditava".
Depois
disso, como não se lembrar das gerações que encantaram o mundo e levaram o planeta
a conhecer um pouco mais o Brasil, que, de certa forma, se beneficiara com o
sucesso dentro de campo. Como não se lembrar daquela que não foi campeã, mas,
encantou o mundo na copa de 1982.Para o funcionário público, José Carlos, a seleção de 82 foi a melhor e acrescenta :" Foi uma pena não ganharmos aquela copa" . Talentos, craques e grandes técnicos passaram
pela nossa seleção e fizeram até Nelson Rodrigues escrever em uma de suas
crônicas depois da conquista do campeonato em 58 que a seleção era a pátria com
a chuteira nos pés.
Após
descrenças, ilusões e grandes jogadas em anos de história o fato é que a copa
está de volta ao Brasil. Como se comportaria Nelson Rodrigues? Será que sairia
a favor da construção de estádios para a execução dos jogos, ou será que
defenderia a causa popular que já diz “não vai ter copa”? Não se sabe, mas
agora a população se volta contra os jogos em defesa de um país com mais
qualidade de vida. A estudante Janaynna Ruziscky se diz contra a copa e agride: "...para mim, a culpa dessa copa no Brasil é do Lula...", em referência ao ex-presidente que inscreveu o Brasil na disputa pela sede, em 2006. Já para o também estudante Mário Augusto, o Brasil se torna mais visível e comemora: "...com a copa, o Brasil terá mais visibilidade e isso é muito bom..." .Onde estaria tamanho patriotismo para com a seleção? Naqueles que são a favor da copa ou daqueles que brigam por um país mais igual, sem o campeonato? Mais
uma pergunta sem resposta que só daqui há dois meses, quando a copa terá
início, saberemos.
POR: Jean Cardoso Mendes
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