quinta-feira, 20 de março de 2014

Cosplay em Salvador: Dedicação e Amor


Por Ana Luiza Bélico

Você sabe o que é ou já fez cosplay? Esse hobby de se fantasiar de personagens das suas séries, desenhos e filmes favoritos parece brincadeira, mas muitos jovens e adultos levam muito a sério.

A palavra cosplay vem da junção da palavra costume, que significa fantasia, mais a palavra play, que significa brincar, ou seja, brincar de se fantasiar. Essa atividade vem sendo difundida pelo mundo inteiro em grandes e pequenos eventos, e cada vez mais pessoas tem vontade de demonstrar seu carinho por um personagem através das fantasias.

Para fazer cosplay não existe fórmula, não existe certo ou errado. Qualquer pessoa pode fazer cosplay, independente do gênero ou idade. Cosplay é feito para se divertir, por isso não existe um conceito de cosplay perfeito, cada pessoa pode fazer o personagem que desejar, mesmo que não seja parecido fisicamente com o personagem. Um cosplay é composto da roupa, dos acessórios e da interpretação que o cosplayer dará para o seu personagem. A totalidade do personagem é muito importante para quem quer fazer um bom cosplay, por isso, é interessante que o cosplayer estude e procure entender o personagem que está produzindo.

Alexandre Teixeira com o seu cosplay do personagem Naraku do anime Inu-Yasha. Foto: Ana Luiza Bélico

Nos últimos anos, a arte de fazer cosplay vem crescendo em Salvador. Muitas pessoas tem se animado com essa ideia de viver na pele de um personagem fictício por um dia, mas nem tudo é só brincadeira, muitos cosplayers reclamam da falta de respeito do público, e até dos próprios companheiros cosplayers. O cosplayer Alexandre Teixeira de 21 anos, estudante do curso de História na UFBA, fala sobre o tratamento que os cosplayers estão sujeitos a receber dentro e fora dos eventos.. “Não basta você passar um ano inteiro trabalhando em vários cosplays, virando noites a rodo confeccionando peças de armaduras, chegar no evento e não receber o tratamento adequado, ser insultado.”. E completa dizendo que a internet pós evento ajuda a impulsionar o desrespeito. “Ainda tem os péssimos comentários de outros cosplayers denegrindo o trabalho dos que eles chamam de “colegas.”

E a falta de respeito não é o único obstáculo a ser enfrentado pelos cosplayers baianos, achar materiais ou serviços especializados para que as roupas sejam confeccionadas também não é fácil. Alexandre diz que é preciso disposição para enfrentar locais como a Av. Carlos Gomes e o Taboão na hora da compra de materiais. “Tudo depende da dedicação que o cosplayer dá a este trabalho.”, diz ele.

Comemoração do Dia do Cosplayer em 2013 pelo grupo Máfia dos Otakus. Foto: Reprodução

Salvador possui um evento anual voltado para a cultura pop japonesa, o Anipólitan, onde os cosplayers expõem seus cosplays e fazem apresentações de palco. O evento acontece no segundo semestre durante dois dias. Além do Anipólitan, ainda existem outros eventos que também recebem cosplayers, como por exemplo, o Bon Odori, festival de cultura japonesa que homenageia seus antepassados.
Os próprios cosplayers promovem encontros em shoppings e locais públicos, como na Praça Ana Lúcia Magalhães no Itaigara e muitos deles participam de um grupo chamado Cosplayers –BA, que ajuda a difundir e promover os cosplayers da região, fazendo inclusive trabalhos voluntários.

Mesmo assim, se compararmos com outros estados do Brasil, a capital baiana ainda possui poucos eventos para tanta vontade de fazer cosplay. O público, ávido por eventos, acaba ficando sem muitas opções para mostrar seus cosplays e curtir os eventos. A falta de locais propícios para a realização de eventos também é um problema, visto que lugares com áreas maiores tendem a ser longe para a maioria das pessoas.

Gabriela Araujo com o seu cosplay de Lenalee do anime D.Gray-man no Anipólitan 2013. Foto: Galpão 22

Gabriela Araújo da Silva, de 17 anos comenta sobre a infraestrutura dos eventos, “Os eventos estão e processo de crescimento aqui em Salvador; coisas como o espaço cosplay(climatizado) já virou realidade e é algo que precisa ser aperfeiçoado , como tantas outras coisas.” E faz a mesma resalva que Alexandre sobre as competições e disputas entre os cosplayers. “Tive a sorte de encontrar cosplyers que me ajudaram e continuam me ajudando a melhorar cada vez mais , mas já me deparei com cosplayers que querem puxar o “tapete “ dos companheiros de hobby . A competição mexe bastante com a cabeça de muitos por ai .”

Apesar de ainda não ter um evento que atenda todas as necessidades do cosplayer aqui em Salvador, Gabriela diz divertir-se com seu hobby, “A melhor parte de fazer um cosplay é tirar fotos ,interagir com as pessoas e claro que é sempre bom ouvir “ Caramba, seu cosplay está muito bom!”, isso realmente me deixa muito feliz!”

Cosplayers no Anipólitan 2013. Foto: Mega Hero

Neste ano ainda teremos o Bon Odori e o Anipólitan, que acontecem no segundo semestre de 2014, sem data marcada até o momento. Não só os cosplayers como o público aguardam ansiosamente esses dois eventos, o público não cosplayer, além de aproveitar o evento, relaciona-se com muito entusiasmo com o público cosplayer, pois ver o seu personagem personificado ao seu lado, vale muito mais do que uma foto, para alguns, é muita emoção.

2 comentários:

  1. Vocês foram perfeitos na construção da matéria, pois como uma cosplayer e integrante do grupo Cosplayers - BA, me sinto emocionada em ler algo tão bem elaborado e pesquisado. Parabéns a todos!

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    1. Muito obrigada, Camila. Apesar de ter sido uma matéria simples, houve pesquisa e interesse em ouvir pessoas do meio.

      Obrigada pelo comentário,

      Ana Luiza Bélico

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