Por Laís Carneiro de Oliveira
Casas simples, trabalhadores de baixa renda e autônomos, falta de infraestrutura e tantos outros problemas sócio-político-econômicos rodeiam a comunidade de Baixa Fria, no bairro da Boca do Rio, em Salvador. Mas ainda assim, há um rapaz, que mesmo com toda dificuldade, ajuda a dar vida aos sonhos infantis.
Ao descer a ladeira da comunidade encontramos Valmir Sena, mais conhecido como Louruz Sena (47), que com muito amor, carinho e dedicação, realiza aulas voluntárias de percussão para crianças e adolescentes, na laje da sua própria casa.
O músico começou a tocar percussão aos 18 anos e revelou sempre ter tido vontade de realizar um trabalho voluntário voltado para o ensino da música com crianças e adolescentes do bairro. Por meio dessa motivação, Louruz criou o seu projeto, intitulado como SLEP, que já existe há 8 anos.
“Não desisto do projeto por nada, pois a cada dia que passa aparece mais alunos precisando da minha ajuda. E estou aqui para ajudar”, explicou o músico, sorridente. Para participar do projeto é preciso morar na comunidade, ser criança ou adolescente, gostar de música, tirar notas boas na escola e preencher uma ficha com alguns dados, acompanhado por um responsável.
O estudante Gustavo Cordeiro (16), contou o quanto é gratificante fazer parte do Projeto SLEP. “Nunca faltei um encontro, sempre quando Louruz marca aula, estou presente, porque aprendo e me divirto muito. Ele não ensina só a tocar, ele também ensina a sermos pessoas melhores e pensarmos em nosso futuro”.
Já Pedro Henrique (10), também estudante, diz que a mãe não deixa ele ir para a aula, se não tiver feito as tarefas da escola e tirar boas notas nas avaliações. “Louruz e a minha mãe, dizem que um dia vou entender, mas que isso vai ser bom para o meu futuro. Por isso, faço de tudo para poder vim para cá, estudo e depois aprendo a tocar”.
Mesmo com dificuldades em manter o trabalho voluntário, principalmente por falta de recursos financeiros, Louruz improvisa materiais.
“Alguns instrumentos já tinha em casa, outros comprei ou consegui emprestado. Também criei um banco de borracha para os meninos estudarem e para poder dar as aulas de baquetas”, contou o músico.
Segundo Louruz, o projeto precisa de ajuda da população para se manter, pois os instrumentos são caros e a manutenção também.
“Para tentar alguma verba do Governo tem que ter vários documentos e ainda assim corremos o risco de não conseguir. Por isso que digo que para realizar esse tipo de trabalho devemos ir com a ‘cara e coragem’, ou desistimos no meio do caminho”, afirmou Louruz.
Fotos e Crédito: Projeto SLEP
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