A
Copa do Mundo está chegando, e traz consigo inúmeras obras infraestruturais que
visam melhorar a mobilidade urbana e também o paisagismo nas cidades-sede. Em Salvador,
é possível notar algumas mudanças nos espaços urbanos. No entanto, parece
existir um critério que privilegia apenas áreas nobres na contemplação com as
obras de melhoria. Contrapomos as mudanças realizadas nos bairros da Barra e
Cajazeiras e tornou-se evidente essa suposição.
Enquanto o bairro nobre recebe
obras orçadas em R$ 57 milhões – apenas a primeira etapa – o periférico
perece sem atendimento a necessidades básicas.
O
percurso da Barra está sendo requalificado (uma etapa já entregue e uma segunda
fase a ser iniciada e concluída até junho) e foi modificado com a construção
de galerias técnicas para enterramento de redes elétricas e de
telecomunicações; construção de novas redes de gás e de abastecimento de água e
de esgoto e implantação de um novo sistema de drenagem de águas pluviais e do
piso, além de um calçadão onde, de acordo com declaração do diretor de Projetos Estratégicos da Casa Civil, Paulo Herminda, apenas os
pedestres, veículos dos moradores e carros de serviços como gás, água, entre
outros, poderão transitar.
Em
Cajazeiras, não há um calçadão integrado, mas em pontos como o Largo da
Feirinha, é comum que pedestres e automóveis disputem o mesmo espaço por conta
de ambulantes ou carros ocupando passeios estreitos. Esse mesmo local é uma das
principais “gargantas” pra quem precisa se deslocar com veículo automotor no
bairro, vive engarrafado, isso porque – e esta é uma das principais reclamações
dos moradores – o bairro tem apenas uma entrada e uma saída. Ruas esburacadas e
pouquíssima preocupação com o visual é o que se evidencia. Para a moradora Lucy
Soares, 50, os engarrafamentos são a pior parte. “Você enfrenta um
engarrafamento gigante e no fim você descobre que o motivo era um buraco, ou
carro estacionado num lugar impróprio, ou o fluxo por causa do horário de pico
mesmo. Quando é por causa de um acidente a gente até entende”, desabafa Lucy.
Em alguns pontos mais críticos, falta saneamento básico e asfalto – não a
recuperação, mas a colocação.
O
dualismo citado ilustra a realidade de outros bairros nobres que recebem
atenção dos gestores, e periféricos que caem no esquecimento. Governar para
todos é preciso. Esperamos que a situação da periferia soteropolitana seja
acompanhada, principalmente a de Cajazeiras, bairro mais populoso da
América-Latina, com mais de 700mil moradores.
Alan Barbosa
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