segunda-feira, 17 de março de 2014

Se a copa é boa, Cajazeiras também quer!

A Copa do Mundo está chegando, e traz consigo inúmeras obras infraestruturais que visam melhorar a mobilidade urbana e também o paisagismo nas cidades-sede. Em Salvador, é possível notar algumas mudanças nos espaços urbanos. No entanto, parece existir um critério que privilegia apenas áreas nobres na contemplação com as obras de melhoria. Contrapomos as mudanças realizadas nos bairros da Barra e Cajazeiras e tornou-se evidente essa suposição.


Enquanto o bairro nobre recebe obras orçadas em R$ 57 milhões – apenas a primeira etapa – o periférico perece sem atendimento a necessidades básicas.

O percurso da Barra está sendo requalificado (uma etapa já entregue e uma segunda fase a ser iniciada e concluída até junho) e foi modificado com a construção de galerias técnicas para enterramento de redes elétricas e de telecomunicações; construção de novas redes de gás e de abastecimento de água e de esgoto e implantação de um novo sistema de drenagem de águas pluviais e do piso, além de um calçadão onde, de acordo com declaração do diretor de Projetos Estratégicos da Casa Civil, Paulo Herminda, apenas os pedestres, veículos dos moradores e carros de serviços como gás, água, entre outros, poderão transitar.

Em Cajazeiras, não há um calçadão integrado, mas em pontos como o Largo da Feirinha, é comum que pedestres e automóveis disputem o mesmo espaço por conta de ambulantes ou carros ocupando passeios estreitos. Esse mesmo local é uma das principais “gargantas” pra quem precisa se deslocar com veículo automotor no bairro, vive engarrafado, isso porque – e esta é uma das principais reclamações dos moradores – o bairro tem apenas uma entrada e uma saída. Ruas esburacadas e pouquíssima preocupação com o visual é o que se evidencia. Para a moradora Lucy Soares, 50, os engarrafamentos são a pior parte. “Você enfrenta um engarrafamento gigante e no fim você descobre que o motivo era um buraco, ou carro estacionado num lugar impróprio, ou o fluxo por causa do horário de pico mesmo. Quando é por causa de um acidente a gente até entende”, desabafa Lucy. Em alguns pontos mais críticos, falta saneamento básico e asfalto – não a recuperação, mas a colocação.

O dualismo citado ilustra a realidade de outros bairros nobres que recebem atenção dos gestores, e periféricos que caem no esquecimento. Governar para todos é preciso. Esperamos que a situação da periferia soteropolitana seja acompanhada, principalmente a de Cajazeiras, bairro mais populoso da América-Latina, com mais de 700mil moradores.

Alan Barbosa

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