Por: Jeane Conceição
Em pesquisa feita com moradores do município Castro Alves, interior da Bahia, a pergunta
acima foi o suficiente para mostrar o quanto a população desconhece o
valor histórico da cidade.
A antiga Curralinho, cidade de Castro Alves, desde 1900,
além de lugar de origem do poeta dos escravos, um dos mais jovens poetas brasileiros, condoreiro, conhecido por suas poesias políticas a favor da liberdade escravagista vivida na época e a boêmia que revelavam suas paixões, aspectos marcantes do movimento literário romântico. É também onde está localizado o Casarão
Sede, onde, quando doente, o poeta passou uma temporada de fevereiro a julho, e escreveu 13 poemas, entre eles, o Hóspede:
"Onde vais, estrangeiro!
O solitário Albergue do deserto?
O que buscas além dos horizontes?
Por que transpor o pícaro dos montes,
Quando podes achar o amor tão perto...?
Pálido moço! Um dia tu chegaste
De outros climas, de terras bem distantes...
Era noite!... A tormenta além rugia...
Nos abertos da serra a ventania
Tinha gemidos longos e delirantes.
................................................
No entanto ele partiu!... Seu vulto ao longe
Escondeu-se onde a vista não alcança...
...Mas não penseis que o triste forasteiro
Foi procurar nos lares do estrangeiro
O fantasma sequer de uma esperança!..."
"Onde vais, estrangeiro!
O solitário Albergue do deserto?
O que buscas além dos horizontes?
Por que transpor o pícaro dos montes,
Quando podes achar o amor tão perto...?
Pálido moço! Um dia tu chegaste
De outros climas, de terras bem distantes...
Era noite!... A tormenta além rugia...
Nos abertos da serra a ventania
Tinha gemidos longos e delirantes.
................................................
No entanto ele partiu!... Seu vulto ao longe
Escondeu-se onde a vista não alcança...
...Mas não penseis que o triste forasteiro
Foi procurar nos lares do estrangeiro
O fantasma sequer de uma esperança!..."
(O Hóspede - Castro Alves)
![]() |
Casarão Sede da Fazenda Curralinho |
Hoje, o local ainda preserva utensílios da família Castro, é parte da secretária de cultura do município e biblioteca Prof.ª Isabel Matos.
Infelizmente a riqueza histórica não sobrepõe a desvalorização. Apesar de bastante se ouvir falar do poeta e o local possuir diversos estabelecimentos que carregam seu nome, a população parece não ter total conhecimento de sua história e não notar a influência que ela traz ou poderia trazer a região. Pelo menos, foi o que uma pesquisa feita com alguns dos moradores revelou. Em respostas a simples pergunta: “ Você conhece Castro Alves”? Em maioria, foram obtidas respostas negativas, nas quais as pessoas sabiam apenas o básico, como o seu titulo de poeta, e quando sabiam mais do que isso, demonstraram em suas opiniões, a referência como algo insignificante que não traz beneficio algum a cidade.
É possível perceber isso em comentários como o de Diego, 24 anos: "...Se fosse um poeta importante, de fora, mas um poeta que temos contato sempre (...) nas escola a gente fazia trabalhos sobre ele todo ano, só para ganhar pontos..." . Ou ainda nesse, do proprietário de uma locadora e irmão do ex vice-prefeito da cidade: "Sei que ele foi um poeta, que morreu jovem... a única coisa que vejo de influência na cidade, é o seu nome... os moradores daqui também são acomodados com esse assunto".
Infelizmente a riqueza histórica não sobrepõe a desvalorização. Apesar de bastante se ouvir falar do poeta e o local possuir diversos estabelecimentos que carregam seu nome, a população parece não ter total conhecimento de sua história e não notar a influência que ela traz ou poderia trazer a região. Pelo menos, foi o que uma pesquisa feita com alguns dos moradores revelou. Em respostas a simples pergunta: “ Você conhece Castro Alves”? Em maioria, foram obtidas respostas negativas, nas quais as pessoas sabiam apenas o básico, como o seu titulo de poeta, e quando sabiam mais do que isso, demonstraram em suas opiniões, a referência como algo insignificante que não traz beneficio algum a cidade.
É possível perceber isso em comentários como o de Diego, 24 anos: "...Se fosse um poeta importante, de fora, mas um poeta que temos contato sempre (...) nas escola a gente fazia trabalhos sobre ele todo ano, só para ganhar pontos..." . Ou ainda nesse, do proprietário de uma locadora e irmão do ex vice-prefeito da cidade: "Sei que ele foi um poeta, que morreu jovem... a única coisa que vejo de influência na cidade, é o seu nome... os moradores daqui também são acomodados com esse assunto".
Desde cedo, as escolas de rede pública e privada envolvem os alunos com atividades que levam a eles o conhecimento sobre o poeta
baiano, atividades as quais se estendem em toda a carreira estudantil básica. Se não é de fato problema educacional, procura-se então, entender o motivo da desvalorização.
A cidade possui pontos turísticos, que não estão em bom estado de conservação, como a Praça da Liberdade, onde está situada a estátua que o homenageia, além do antigo Ginásio São José e Estação de Trem, que encontram-se em ruínas.
Moradores também afirmaram não ter conhecimento de projetos que incentivem o interesse da população a valorizar a cultura histórica Ainda assim, alguns deles opinaram dizendo que queriam que o local fosse visto de outra forma. E que quando dissessem a alguém aonde moram, as pessoas conhecessem, mesmo que só de ouvir falar e olhassem para lá positivamente. Foi o que citou Eunice de Jesus, moradora a 30 anos.
Segundo o secretário de cultura do município, Fabiano Santos, a secretária inaugurada a cerca de um ano, tem projetos como o livro “Memórias Cidade”, a comemoração do aniversário do poeta que acontece nos dias treze à quinze de março, entre outras ideias, com o objetivo de resgatar e valorizar a essência histórica perdida. Ele também informou que a Estação de trem, abandonada, passará por reformas em breve e dará lugar a um centro de cultura. Por ser recente, a secretária se sustenta em parcerias com determinadas empesas, e ainda não é beneficiada pelo governo em relação a investimentos culturais e turísticos da cidade.
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Estátua da Praça da Liberdade |
"(...)Quem és tu? Quem és tu? -És a minha sorte!
És talvez o ideal que est'alma espera!
És glória talvez! Talvez a morte"!
(Castro Alves - Último fantasma)
Jeane Chaves Conceição - Jornalismo, 2º semestre, T2
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