Camila Ferreira
Quem frequenta ou já frequentou a Estação da Lapa, com certeza
sofreu com o péssimo problema de estrutura. Localizada a poucos metros da Arena
Fonte Nova, estádio que sediará a Copa do Mundo, a preocupação com a
insegurança e até mesmo o pensamento em relação a uma tragédia anunciada (como
foi o caso da antiga Fonte Nova) é grande.
A Estação da Lapa foi criada em 1981 e é considerada a
estação mais importante da capital baiana. Além de ser líder na quantidade de
frequentastes, o lugar também ganha quando se trata de descaso, algumas
mudanças estão sendo executadas, como à reforma nos banheiros e pintura, porém
os usuários afirmam que a Lapa precisa de uma reforma completa. Dos inúmeros
problemas que existem, foram listados sete que costumam tirar qualquer cidadão
do sério:
1 – Odor e sujeira: Lixo no chão, lama e o cheiro de urina
poderiam ser elementos para um cartão de visita no local. Muitas pessoas ao
invés de utilizar os sanitários costumam fazer suas necessidades do lado de
fora e para piorar baratas e roedores dividem espaço com os usuários. A
estudante Ana Carolina Alves, frequenta a estação há três anos e relata: ‘Em uma sexta-feira eu
estava esperando o ônibus, de repente surgiram dois ratos enormes na minha
frente, foi horrível. ’
2
– Estrutura: Olhar para a parte superior da Estação da Lapa é se deparar com
uma visão deplorável. O teto possui infiltrações, as vigas de metal estão
bastante enferrujadas, a impressão é que tudo pode desabar a qualquer momento.
A pintura que foi feita recentemente já possui diversas pichações com a famosa
frase ‘Não vai ter copa’ e ‘Pinxo mesmo!’. O elemento em questão é sem dúvida a
base de qualquer outro item ruim da Lapa.
3
– Luminosidade: Na parte inferior, onde são vistos coletivos para a região da
Cidade Baixa, Cajazeiras, Cabula e Brotas, a ausência de uma boa iluminação
aumenta o clima de insegurança. As poucas luzes que existem ligam e desligam
sozinhas ou ficam piscando o tempo todo.
4
– Insegurança: ‘Já fui vítima de coerção de alguns garotos que ao perceberem
que eu tinha comprado alguns objetos, me pediram um dos objetos e
"tive" que dar dinheiro a eles pra não ter que ser assaltado. ’ diz o
estudante Elton Bernardo. Não há nenhum sinal de guardas municipais ou
policiamento. A falta de segurança é o pior problema segundo todos os
entrevistados. O medo das pessoas que precisam pegar o coletivo no local é
perceptível, o tempo inteiro elas olham de modo assustado para todos os lados
com medo do que pode acontecer.
5 - Desqualificação e ambulantes: Os ambulantes ficam dispostos de qualquer modo ao longo do espaço, a maioria deles não tem um ponto de comércio digno. As barracas de lanche tem um aspecto bem sujo e pela falta de higiene causam até mesmo infecção intestinal aos que consomem.
6
– Barulho: O eco das vozes é alto e pior ainda é o barulho que existe quando um
ônibus passa na parte superior da estação. A estrutura balança fazendo com que
pareça um filme de terror.
7-
Desorganização: Há quem ache as placas que sinalizam os ônibus em cada parada suficientes
para o entendimento de quem utiliza o transporte, porém há uma carência de
outras sinalizações. Não existe em qualquer outro ponto, pessoas aptas para
tirar dúvidas ou fiscalizar o dia a dia da Lapa. A auxiliar de enfermagem,
Vanny Abreu conta uma situação que poderia ser evitada: ‘O que mais acontece é
o assédio por parte de alguns homens que insistem que você dê R$2,00 e utilize
o cartão de gratuidade dos mesmos com a catraca liberada ou entrando pela
frente. Caso se negue, eles ameaçam, inibem de todas as maneiras. Não há uma
fiscalização para inibir essa ação. ’
Se
de um lado os soteropolitanos estão felizes pelo fato de sediar um evento de
tamanha grandiosidade, por outro há uma unanimidade ao pensar que não há uma
boa estrutura para complementar a festa. A assistente de operações, Joseane
Cerqueira, opina sobre a carência da Estação da Lapa, ‘Numa cidade urbanizada,
o sistema de transporte coletivo é o mais utilizado, uma estação é um ponto de
maior concentração de ônibus para todas as partes da cidade. É um contraste
irônico termos um estádio no padrão Fifa e uma estação sem nenhum padrão,
desassistida pelas políticas públicas.’
Quem
dera o número 7 ser o número da sorte sempre, porém o que resta é torcer para
que nada de ruim aconteça, apesar do pessimismo que surge quando vem a tona a
precariedade da maior estação de coletivos de Salvador!
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