Em 1950, quando o Brasil sediou sua
primeira e única Copa do Mundo, não éramos pentacampeões e o futebol não era
dinamizado como hoje. Naquele tempo, a disputa era entre América do Sul e
Europa, com participação de equipes consideradas “galinhas mortas”, por serem
tecnicamente bem inferiores, embora mesmo na América do Sul houvesse times
fracos. Hoje é entre América do Sul, fortalecida quase que integralmente, e os
outros quatro continentes. Nesse contexto de desenvolvimento do futebol e do
mundo, corremos o risco de passar vergonha na Copa de 2014? Sim, claro. Não por
conta da festa do futebol, mas pela falta de estrutura e compromisso sério do
Brasil com um evento monumental que mexe com o próprio espírito brasileiro.
“A Copa é amanhã, mas os brasileiros
pensam que é só depois de amanhã.” Esta declaração foi do presidente da FIFA,
Joseph Blatter, ao Estadão, quatro meses atrás. Ele estava corretíssimo,
embora, óbvio, o governo brasileiro tenha tentado amenizar o peso da declaração
dizendo que “não; estamos no calendário.” Esta verdade é muito duvidosa.
Apuramos que o país corre, sim, o risco iminente da vergonha e está se
preparando para a Copa a passos de tartaruga, com nada de trem bala.
Infelizmente, o Brasil não tem a agilidade e o preparo do primeiro mundo, e
isso é decepcionante. Em nossas viagens, comprovamos: há um visível descrédito
dos paulistanos, dos brasilienses, dos recifenses, dos belo-horizontinos, dos
soteropolitanos e, principalmente, e dos natalenses, em relação ao êxito da
organização do evento em suas sedes. “Pra quê Copa? Estamos vivendo um caos na mobilidade urbana, na
segurança, na educação... Pra quê isso” afirma seu Jerônimo, 53, aposentado.
A insatisfação dos brasileiros é maioria
quando o assunto é Copa 2014 e esse assunto se alastra a procurar saber da
verba usada para que aconteça tal evento. “Copa
do Mundo de Futebol no Brasil é uma grande palhaçada... Além dos governantes
gozar na nossa cara sempre aderiram a Copa como se não bastasse”
desabafa Vera Lúcia, secretária, 32,
indignada com o evento que vai ocorrer. Cesar Filho, estudante, 19, completa “ O Brasil não tem porte para isso,
vivenciamos greves e greves, um país que luta para ficar de pé não tem
condições nenhuma de realizar caprichos pois temos prioridades”
A realidade elaborada pelo governo do
Brasil é linda, mas tristemente irreal: realizaremos a maior Copa do Mundo de
todos os tempos, faremos bonito no país do futebol, daremos show de
visibilidade internacional, atrairemos bilhões de recursos para o país e nos
consolidaremos como um país, verdadeiramente, capaz de conseguir chegar ao
primeiro mundo e se firmar nele. Duvidoso. Não há praticamente nada. Quando não
se tem estádios, o que pensar do resto? Não há aeroportos capazes de acomodar o
fluxo de estrangeiros e brasileiros; não há estrutura hoteleira suficiente; não
há meios confiáveis de transporte; não há rodovias seguras; não há garantia de
segurança pública; enfim, há muito pouco do que é necessário para estar nos
holofotes do mundo e não ser zombado pela opinião global. O Brasil está
sonhando, quando deveria estar desperto.
Por: Tainara Susan Ferreira dos Santos
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