terça-feira, 22 de abril de 2014

VERGONHA NACIONAL: COPA 2014


Em 1950, quando o Brasil sediou sua primeira e única Copa do Mundo, não éramos pentacampeões e o futebol não era dinamizado como hoje. Naquele tempo, a disputa era entre América do Sul e Europa, com participação de equipes consideradas “galinhas mortas”, por serem tecnicamente bem inferiores, embora mesmo na América do Sul houvesse times fracos. Hoje é entre América do Sul, fortalecida quase que integralmente, e os outros quatro continentes. Nesse contexto de desenvolvimento do futebol e do mundo, corremos o risco de passar vergonha na Copa de 2014? Sim, claro. Não por conta da festa do futebol, mas pela falta de estrutura e compromisso sério do Brasil com um evento monumental que mexe com o próprio espírito brasileiro.

“A Copa é amanhã, mas os brasileiros pensam que é só depois de amanhã.” Esta declaração foi do presidente da FIFA, Joseph Blatter, ao Estadão, quatro meses atrás. Ele estava corretíssimo, embora, óbvio, o governo brasileiro tenha tentado amenizar o peso da declaração dizendo que “não; estamos no calendário.” Esta verdade é muito duvidosa. Apuramos que o país corre, sim, o risco iminente da vergonha e está se preparando para a Copa a passos de tartaruga, com nada de trem bala. Infelizmente, o Brasil não tem a agilidade e o preparo do primeiro mundo, e isso é decepcionante. Em nossas viagens, comprovamos: há um visível descrédito dos paulistanos, dos brasilienses, dos recifenses, dos belo-horizontinos, dos soteropolitanos e, principalmente, e dos natalenses, em relação ao êxito da organização do evento em suas sedes. “Pra quê Copa? Estamos vivendo um caos na mobilidade urbana, na segurança, na educação... Pra quê isso” afirma seu Jerônimo, 53, aposentado.

A insatisfação dos brasileiros é maioria quando o assunto é Copa 2014 e esse assunto se alastra a procurar saber da verba usada para que aconteça tal evento. “Copa do Mundo de Futebol no Brasil é uma grande palhaçada... Além dos governantes gozar na nossa cara sempre aderiram a Copa como se não bastasse” desabafa  Vera Lúcia, secretária, 32, indignada com o evento que vai ocorrer. Cesar Filho, estudante, 19, completa “ O Brasil não tem porte para isso, vivenciamos greves e greves, um país que luta para ficar de pé não tem condições nenhuma de realizar caprichos pois temos prioridades”

A realidade elaborada pelo governo do Brasil é linda, mas tristemente irreal: realizaremos a maior Copa do Mundo de todos os tempos, faremos bonito no país do futebol, daremos show de visibilidade internacional, atrairemos bilhões de recursos para o país e nos consolidaremos como um país, verdadeiramente, capaz de conseguir chegar ao primeiro mundo e se firmar nele. Duvidoso. Não há praticamente nada. Quando não se tem estádios, o que pensar do resto? Não há aeroportos capazes de acomodar o fluxo de estrangeiros e brasileiros; não há estrutura hoteleira suficiente; não há meios confiáveis de transporte; não há rodovias seguras; não há garantia de segurança pública; enfim, há muito pouco do que é necessário para estar nos holofotes do mundo e não ser zombado pela opinião global. O Brasil está sonhando, quando deveria estar desperto.
                                                                          Por: Tainara Susan Ferreira dos Santos


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